quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Conto de Iemanjá



Conto de Iemanjá

Era o fim de uma tarde de verão. O céu estava claro e o Sol enviava seus últimos raios, banhando as águas límpidas e mornas; na areia, agora coberta de sombras, encontrava-se o repouso convidativo; no ar sentia-se o aroma da natureza.
Na praia semideserta, um homem vestido de branco, descalço, caminhava a passos lentos, porém firmes. Notava-se a seriedade que o envolvia, o olhar fixo nas águas do mar, como se algo estivesse buscando.
De repente parou e retirou do pescoço uma guia, na qual as cores azul e branca se alternavam; fazendo uma ligeira reverência, caminhou para o mar, com a água lhe chegando até a cintura.
Olhando para o céu, já agora não tão claro quanto antes, permanecia imóvel, dando a perceber que seus pensamentos estavam voltados para o astral; curvou-se lentamente e deixou que a guia fosse envolvida pela espuma branca.
Nesse, momento sentiu um tremor, todo seu corpo vibrou, como se um raio o tivesse atingido.
As águas tornaram-se revoltas, cânticos dos mais suaves começaram a ser entoados, odores agradabilíssimos inundaram o ambiente; e eis que surge sobre as ondas uma figura onipotente:
Iemanjá, Rainha do Mar !
A emoção tomou conta do filho; suas preces haviam sido atendidas e, por mais que quisesse dizer alguma coisa, não consegui falar. Apenas, com muita dificuldade, entre os lábios trêmulos, murmuro:
“Minha mãe!”
Momentos depois, quando voltou a si, encontrava-se deitado na areia, com a guia em torno do pescoço.
Levantando-se, pôs-se a caminhar e, no silêncio daquela praia , tinha um só pensamento:
´´Eu vi a Rainha do Mar! Eu vi Mamãe Iemanjá!".


Babalorixá Paulo Newton de Almeida 

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